terça-feira, 10 de maio de 2016

"Dentista do horror" é condenado a oito anos de prisão na França

mediaOs autos do processo contra o dentista holandês, que fugiu para o CanadáAFP/Philippe Desmazes
A Justiça francesa condenou nesta terça-feira (26) a oito anos de prisão o holandês Mark Van Nierop, conhecido como o “dentista do horror”. Ele mutilou dezenas de pacientes na pequena cidade de Château-Chinon, no centro da França, entre 2008 e 2012.
O tribunal da cidade de Nevers decidiu manter o dentista preso e acrescentou à pena uma proibição definitiva para exercer a profissão, além de várias multas que chegam a € 10.500. Durante o processo, que aconteceu entre 8 e 14 de março, a procuradora da República Lucile Jaillon-Bru, já havia pedido oito anos de prisão para Nierop.
A decisão foi tomada depois de uma perícia psicológica mostrando que a personalidade do dentista aliava “ausência total de compaixão” ao “desejo de enriquecer”. Seus atos foram qualificados como um “desastre sanitário”. O objetivo do dentista de 51 anos era obter reembolsos cada vez maiores da Seguridade Social francesa.
Oito dentes arrancados de uma vez
Pouco antes da audiência, as vítimas descreveram seu sofrimento. Algumas tiveram oito dentes arrancados de uma vez, outras foram deixadas com um buraco na boca e tiveram infecções repetidas. Violências que custaram caro e que deixaram sequelas em muitos pacientes.
Durante o julgamento, o dentista ficou praticamente mudo, e respondeu a maior parte das perguntas com um lacônico “sem comentários”. A única exceção aconteceu no segundo dia, quando ele reconheceu ser “responsável”, antes de admitir: “eu estava em um estado em que as pessoas em volta de mim não me despertavam o menor interesse”.
De acordo com sua advogada, Delphine Morin-Meneghel, alguns dos atos, mesmo aparentemente chocantes, respeitavam as “recomendações” da profissão.
Fuga para o Canadá e extradição para a Holanda
O dentista holandês chegou à cidade em 2008, carente de profissionais da área. Em seu moderno consultório, ele podia atender entre 18 e 26 pacientes por dia. Em 2011, as queixas começaram a se multiplicar. 120 vítimas se reuniram e formaram um coletivo para pedir justiça. Em 2012, Nierop fechou seu consultório, alegando que um de seus braços ficou paralisado depois de um acidente.
Em 2013, o dentista fugiu para o Canadá, onde foi preso e extraditado para a Holanda, e, em seguida, para a França. 53 vítimas tiveram as mutilações reconhecidas pela justiça.

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