Por unanimidade, a Terceira Turma dispensou uma mulher da obrigação de continuar pagando pensão
alimentícia à sua ex-companheira. No entendimento da turma, o pagamento – realizado no período de um ano
e meio, desde o fim da união homoafetiva – foi feito por tempo suficiente para o restabelecimento das
condições financeiras da alimentada.
O casal manteve união estável entre 2001 e 2012. A decisão judicial sobre a pensão alimentícia foi proferida em
janeiro de 2013, quando se determinou o pagamento de 10% da remuneração da alimentante pelo período de
três anos.
No julgamento da apelação, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) identificou os requisitos previstos
no artigo 1.723 e seguintes do Código Civil de 2002 para o reconhecimento da união homoafetiva para todos os
fins legais.
Quanto à pensão alimentícia, o tribunal destacou que a autora da ação era “jovem, capaz profissionalmente e
apta, sem impedimentos para se manter às suas expensas”, razões pelas quais não se justificaria a condenação
de sua ex-companheira ao pagamento de alimentos.
Apta para o trabalho
A autora recorreu ao STJ alegando que está desempregada e que mora de favor em casa de amigos. Sustentou
que a ex-companheira tem condições de continuar a arcar com a pensão que lhe foi paga durante um ano e seis
meses.
Ao negar provimento ao recurso especial, a relatora, ministra Nancy Andrighi, afirmou que o acórdão proferido
pelo TJDF não deve ser reformado por estar de acordo com o entendimento da corte. Ela destacou que a
recorrente tem curso técnico de enfermagem e “não sofre de nenhum problema que a incapacite para o
trabalho”.
“O TJDF, ao determinar a exoneração da obrigação alimentar paga pela recorrida à recorrente, confirmou o
entendimento do STJ no sentido de que se impõe a exoneração da obrigação alimentar quando a alimentada
for pessoa saudável, com condições de exercer sua profissão e tiver recebido a pensão alimentícia por tempo
suficiente para que pudesse se restabelecer e seguir a vida sem o apoio financeiro. O acórdão não merece
reforma”, concluiu a relatora. O número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial.
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