A leitura do testamento na presença de duas testemunhas, e não de três como exige o Código Civil, é vício formal
que pode ser relativizado, tendo em vista a preservação da vontade do testador.
Com esse entendimento, a Terceira Turma deu provimento a um recurso para confirmar o testamento particular
que havia sido invalidado pela falta da terceira testemunha.
A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, destacou que a jurisprudência da corte permite a flexibilização de
algumas formalidades exigidas para a validade de um testamento, mas estabelece uma gradação entre os vícios
que podem ocorrer em tais situações.
Os vícios de menor gravidade, segundo a relatora, são puramente formais e se relacionam aos aspectos externos
do documento. São hipóteses diferentes de vícios como a falta de assinatura do testador, os quais contaminam o
próprio conteúdo do testamento, “colocando em dúvida a sua exatidão e, consequentemente, a sua validade”.
Ausência de dúvidas
Segundo a ministra, no caso analisado, o vício alegado foi apenas a ausência de uma testemunha no momento
da leitura.
“O vício que impediu a confirmação do testamento consiste apenas no fato de que a declaração de vontade da
testadora não foi realizada na presença de três, mas, sim, de somente duas testemunhas, espécie de vício
puramente formal, incapaz de, por si só, invalidar o testamento, especialmente quando inexistentes dúvidas ou
questionamentos relacionados à capacidade civil do testador, nem tampouco sobre a sua real vontade de dispor
dos seus bens na forma constante no documento”, afirmou.
O pedido de confirmação do testamento foi negado em primeira e segunda instâncias. No entanto, para Nancy
Andrighi, o fundamento adotado pelo acórdão recorrido se relaciona à situação de testamento sem testemunha,
hipótese do artigo 1.879 do Código Civil, diferente do caso julgado.
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