A Terceira Turma decidiu, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso de uma empresa organizadora de
eventos para estabelecer a cláusula penal em 70% do valor fixado no contrato com uma agência de modelos e
uma modelo, pelo descumprimento de parte dos serviços contratados. A condenação foi de cerca de R$ 8,7 mil.
Para a ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso, ficou caracterizado o inadimplemento, visto que o
comportamento das partes condenadas revelou desrespeito aos deveres de informação e lealdade na execução
do contrato, previstos no artigo 422 do Código Civil.
“Conforme a moldura fática delimitada na origem, as recorridas não adimpliram com todas as prestações
contratadas, tal como assinalado. De fato, apenas uma pequena parte da obrigação foi cumprida por elas no
tempo e modo acertados, sendo, ademais, significativo o seu grau de culpa”, afirmou a ministra.
Descumprimento
A modelo, por intermédio da agência, assumiu a obrigação de fazer, como "noiva símbolo" de uma edição do
Fest Noivas, um ensaio fotográfico para campanha publicitária, além de participar do coquetel de lançamento e
dos desfiles de abertura e encerramento do evento, em Brasília.
No dia da abertura, a modelo saiu da cidade e só comunicou sua ausência, por problemas de saúde, cerca de
dez minutos antes do desfile inicial. A agência também informou à organização do evento que a modelo não
compareceria ao encerramento, pois tinha dado prioridade a outro compromisso em Fortaleza.
No recurso, a empresa de eventos sustentou que, ao descumprirem o acordo, agência e modelo ofenderam o
princípio da boa-fé objetiva, inviabilizando, assim, a finalidade do contrato.
Dano moral
A empresa também requereu reparação por danos morais, mas o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF)
negou o pedido por considerar que o inadimplemento contratual, por si só, não basta para configurar violação de
direitos da personalidade, uma vez que não ficou demonstrado nos autos que houve abalo à imagem da empresa
ou à credibilidade do evento.
A ministra Nancy Andrighi manteve nesse ponto a decisão do TJDF, ao ressaltar que o acórdão recorrido não
destoa do entendimento do STJ, pois a jurisprudência do tribunal define que, a respeito de inadimplemento
contratual, a caracterização do dano moral pressupõe mais do que o aborrecimento advindo de um negócio
frustrado.
Processo: REsp 1655139
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