Blog de direito civil dos professores Carlos Nelson Konder e Cintia Muniz de Souza Konder
sábado, 8 de abril de 2017
Oferta de curso inexistente obriga faculdade a indenizar aluno por dano moral
Um estudante que frequentou aulas durante quatro semestres, pensando que fazia um curso superior de
comércio exterior, e depois foi remanejado para o curso de administração, receberá indenização por danos
morais. Ele descobriu que o curso no qual se matriculou, na verdade, não existia.
A Quarta Turma entendeu que a situação configurou dano moral, pois houve omissão de informações por parte
da Fundação Educacional Guaxupé, de Minas Gerais, principalmente no que diz respeito ao fato de que o
diploma não habilitaria o aluno para o exercício de funções na área desejada por ele. Afinal, o curso de
comércio exterior foi ofertado pela instituição em desacordo com as normas do Ministério da Educação, o que
mais tarde levou à realocação dos alunos.
Para o relator do recurso julgado na Quarta Turma, ministro Marco Buzzi, diferentemente dos casos em que a
instituição de ensino não consegue nota suficiente na avaliação do Ministério da Educação, o caso analisado
trata de uma situação em que a faculdade tinha informações de que não estava apta a oferecer aquela graduação no momento em que fez a oferta do curso, ou seja, ficou nítida a propaganda enganosa.
Ao acolher o recurso do ex-aluno, os ministros definiram em R$ 25 mil o valor a ser pago a título de danos
morais, além da condenação imposta por danos materiais (o valor corrigido das mensalidades pagas no
período).
Falsas expectativas
O magistrado destacou que a frustração vivida pelo aluno encontra amparo nos dispositivos do Código de
Defesa do Consumidor (CDC).
“A situação vivenciada pelo autor, em razão da omissão na publicidade do curso pela instituição de ensino,
ultrapassou a barreira do mero aborrecimento, porquanto atentou contra o direito do consumidor de não ser
enganado, por criar falsas expectativas de obter um título de graduação”, disse o ministro.
A omissão de informações, segundo o relator, viola o artigo 14 do CDC, porque a instituição de ensino não foi
capaz de ofertar o curso anunciado.
O ministro rejeitou o argumento de que as mudanças foram fruto da Resolução 4/05 do Ministério da
Educação, já que, no momento da propaganda do curso e da matrícula dos alunos (um ano após a resolução), a
instituição de ensino já tinha conhecimento da norma que modificava e readequava o curso, razão pela qual
não pode alegar caso fortuito ou força maior.
A omissão de informações gerou propaganda enganosa, na visão dos ministros, e violou também o artigo 37 do
CDC.
Processo: REsp 1342571
Marcadores:
Dano moral,
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